Chamo-me Manuel Euzébio Gusmão, sou mestre de obras, construi muitos castelos, inclusive o que eu moro atualmente, mas edifiquei também muitas igrejas, mas a principal é a Catedral de Notre-Dame.
Nossa! Fico olhando esses quadros e me lembro como se fosse hoje, quando comecei a construir aquele magnífico prédio, que para mim é mais uma obra de arte. Nossa! E como deu trabalho construí-la, e como estou com saudades do João. Que pena que o andaime dele quebrou e ele despencou daquela altura, foi a minha maior tristeza, foi difícil acabar de construir a Catedral sem ele, mas alguém tinha que fazer, espero que ele esteja orgulhoso de ver o resultado de nosso trabalho. Nem eu imaginava que iria sentir tanta falta de alguém que era meu chefe, mesmo sendo resmungão eu gostava dele, lembro-me de como nós viramos amigos.
Eu era novo, tinha apenas vinte e cinco anos, tinha acabado de aprender tudo sobre arquitetura quando um senhor feudal me pediu que construísse uma igreja em seu feudo para ele e sua família poderem rezar.
Demorei cinco anos para fazer a igreja, mas confesso que valeu a pena, trabalhei com muitos profissionais e fui adquirindo experiência, aprendendo novos truques e novas técnicas. Foi lá também que conheci o João. Ele era o mestre de obras, comandava o serviço.
Bom, essa igreja ficou muito famosa e minha fama junto com a de João cresceu, fomos chamados para fazer muitos castelos, passamos pela França, Grã-Bretanha, Portugal. Sempre juntos e construindo castelos e igrejas cada vez maiores e mais bonitas, cheias de detalhes, imagens, enfim sempre prédios lindos.
Até que chegamos à cidade de Milão, uma cidade esplêndida onde fizemos o nosso último trabalho juntos, o Castelo Sforzesco, um prédio enorme, levamos dez anos para construí-lo a pedido da Família Real.
Então partimos de volta para a França mais precisamente Paris onde demos início à construção da Catedral de Notre-Dame. Outro Prédio enorme, que me traz apenas lembranças tristes, levou quase trinta anos para ser construída. O pior não foi o tempo de construção, a minha maior tragédia aconteceu quando tinha vinte anos que estávamos construindo, João subiu no andaime alguns metros para olhar se estava ficando tudo de acordo nas estruturas do teto, foi quando a corda se partiu e o jogou em cima das ferramentas e pedras que ficavam em um canto guardadas.
Foi uma cena terrível para mim, vê-lo morrer sem poder fazer nada. Fiquei muito triste e sem trabalhar durante muitos meses, até que resolvi voltar e acabar de construir aquela igreja, pois achei que isso seria o que João faria.
Assim passaram-se dez anos até que terminamos a igreja, o Papa Augusto V que havia pedido a sua construção ficou muito orgulhoso, me pagou a minha parte e a de João, que ficou toda para mim. Resolvi então que não iria mais mecher com arquitetura, a minha última construção seria a de meu próprio castelo.
Foi isso que eu fiz, vivo junto com minha família em um castelo lindo aqui na França, e sempre que posso vou à Catedral de Notre-Dame rezar pela minha família e por João, meu melhor amigo e aquele que me ensinou tudo sobre arquitetura.
Leonardo G. Teixeira


0 comentários:
Postar um comentário